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Mostrando postagens de outubro, 2021

Memórias do subsolo

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Conforme lia o livro, um turbilhão de sentimentos me invadia em relação ao narrador. Ora sentia aversão, ora raiva, ora pena, ora empatia. E fui atribuindo várias características diferentes a esse homem do subsolo: insensível, perturbado, frustrado, infeliz... Até chegar no que acredito ser o âmago da questão: inconformismo. Memórias do subsolo constituem-se em um livro de memórias dividido em duas partes. Na primeira, como o próprio autor coloca numa nota de início de capítulo, o personagem se apresenta, fala de onde veio e para onde vai. Na segunda, são relatadas algumas recordações sobre dois dos mais importantes episódios da sua vida. No início da primeira parte, o narrador se apresenta como uma pessoa má e raivosa. Sua vida e suas ações são movidas pelo ódio a tudo e todos, ainda que em alguns momentos se convença – e me convença – de que não é verdadeiramente mau. Por mais que tente passar essa ideia, ele recorda-se de que há alguns indivíduos de que gosta ou, pelo menos, leva em

A peste escarlate

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A peste escarlate é um conto sobre um futuro apocalíptico após uma epidemia praticamente dizimar a humanidade. Nos EUA, lugar onde se passa a narrativa, restam algumas poucas pessoas que nos primeiros anos após a catástrofe começaram a se organizar em tribos. Como um dos objetivos primordiais é repovoar a Terra, arranjos nupciais foram feitos e novas crianças estão surgindo. Três delas compõem a história juntamente com seu avô. Granser - de grandsire, “avô” em inglês arcaico – é provavelmente o remanescente mais antigo e que, graças à sua profissão antes da peste de professor universitário, representa a pessoa capaz de relatar como era o mundo para os seus netos e ensinar-lhes algumas lições. Ao mesmo tempo, Granser conta ao/a leitor/a alheio/a à tragédia no que o mundo se tornou. E as perspectivas são as piores possíveis. Aos olhos do avô, que não deixam de refletir as expectativas de Jack London , toda a gloriosa civilização existente sucumbiu diante da natureza selvagem. Movido

O processo

Esse não é o primeiro livro do Franz Kafka que leio, mas assim como em Metamorfose a sensação é a mesma. Um misto de angústia, incredulidade e frustração. Todos esses sentimentos vão além da surrealidade que a história nos traz e do final trágico do personagem principal. Em O processo , de novo a premissa é simples, nada mirabolante; é até meio ordinária: uma pessoa que em uma manhã qualquer se vê processada. O desenrolar dos acontecimentos é que pega a gente de surpresa a cada página. O processo que recai sobre Josef K., um funcionário de banco relativamente bem-sucedido, é desconhecido de todos, inclusive do/a próprio/a leitor/a. Apenas os operadores do direito - homens ligados à lei – têm conhecimento sobre a denúncia, a qual dificilmente é julgada favorável ao denunciado. Essa é uma das lições que K. aprende ao conversar com um pintor que trabalha no tribunal, Titorelli. Nesse intento, K. aprende com o pintor que há três maneiras de desfecho: a absolvição real, a absolvição apa